Quarto 12 - Leon Franburg e Samwell A. Crimson

Sam não se alterou ao ouvir a resposta de Leon. Um poder incrível, sem dúvidas, e nada amedrontador como o controle de hemácias, de Samwell. Jogou-se em uma cama e estendeu uma mão em direção ao garoto. Um repuxo no estômago anunciou a chegada de seu poder, que logo atingiu o garoto com sensações levemente nauseantes... Não queria fazer mal ao novato, mas fazer aquilo sempre agradava Sam.
— Eu faço isso. Controlo o elixir que dá vida aos humanos. — piscou para o garoto e sorriu. — Os vampiros piram no meu dom.
Deixou escapar uma risadinha de escárnio, mas logo voltou a encarar o teto daquela cela. Sempre quis saber qual era o objetivo da organização em trancar jovens mutantes em quartos "confortáveis" e tratá-los relativamente bem, e não congelá-los em câmaras hiperbáricas para usá-los em um futuro próximo, visando dominar o mundo, como nos quadrinhos. Seus devaneios foram interrompidos por dúvidas, e de repente, Samwell desejou saber ainda mais sobre Leon.
— Então... Você luta?

Seu sangue circulava pelas veias de forma intensa. Era o efeito colateral de sua habilidade. Havia usado em sua vítima anteriormente, seguidas vezes, e usara agora em uma demonstração... Abusara. A dor nauseante na cabeça disparou pelo seu corpo, mas Sam se controlou. Não deu muita atenção à resposta de sua pergunta ao menino, mas logo respondeu:
— Não é dos meus. Eu sou de esmurrar monstros.
Deu alguns socos no ar e soltou sua risadinha de escárnio novamente. O garoto voltou a falar, mas interrompeu sua frase e caminhou para o banheiro. O som de água correndo pelo chão logo chegou aos ouvidos de Sam, que tomou como óbvia a ação que o menino havia tomado.
Manteve-se em silêncio por alguns minutos até o garoto aparecer na porta do banheiro e ir para sua cama, com um recorte de jornal nas mãos.
— O que é isso? — perguntou Sam, curioso.

Agarrou a bolinha de papel no ar, mas não a abriu. Deixou-a de lado e fitou o garoto, que pareceu irritado com a pergunta. Alterou seu semblante, tornando-se sério novamente e agarrou o estômago, controlando as pontadas de dor.
O garoto se aproximou, preocupado. Sam encarou-o de soslaio, mas não o olhou de forma ameaçadora.
— Você tá bem? Parece que ainda está sentindo um pouco de dor. Se quiser eu posso tentar de ajudar, o corpo dos animais e dos humanos é mais semelhante do que parece.
— Eu não sou bem um humano, na verdade... — disse, sorrindo de forma triste. — Mas, o que quer dizer?
Sentou-se na cama e tentou acalmar seus nervos. Odiava aquele efeito colateral... Seu poder seria muito mais útil se não surtisse efeito em seu usuário. Poderia matar com mais frequência e... Afastou os pensamentos novamente. Pensar em carnificina só iria levá-lo à matar seu parceiro de quarto, e não queria que a situação piorasse com o risco de mandarem um mutante pior para sua cela.

Samwell assumiu um semblante anuviado quando o garoto finalmente realizara que seu companheiro de quarto não era um humano qualquer. Era diferente até mesmo dos mutantes.
Sam gostava de despertar o medo nas pessoas, mas se sentia relativamente mal fazendo aquilo ao garoto. Levantou-se do móvel em que se repousava e caminhou até o garoto, relutante.
— Não lhe fiz mal antes, porque faria agora?
Franziu o cenho e percorreu seus olhos por todo o corpo do garoto, antes de parar nos seus olhos.
— Em uma luta mano a mano, empataríamos. Eu gosto de vencer por unanimidade.
Estendeu a mão para cumprimentá-lo novamente, mas percebeu o gesto e recolheu a mão mais uma vez, passando-a em seus cabelos.